sábado, 19 de março de 2011

Queijo Minas em Uberaba



O nosso QUEIJO MINAS ARTESANAL, há mais de 80 anos no Mercado Municipal de Uberaba, vem sendo oferecido em estado natural para consumo ou uso culinário, como o nosso tradicional pão de queijo. A partir de 2006, passamos a fornecer, também, o queijo legalizado, inclusive o ganhador do Concurso Estadual em Uberaba, no ano de 2009.

      Em 2002, o Governo Mineiro publicou uma lei retirando o Queijo Minas Artesanal há 59 anos na “clandestinidade”, pela proibição de seu processamento com leite cru. Normas Federais em 1952 foram estabelecidas para sua fabricação com leite pasteurizado e embalado com o nome de “queijo minas padrão”, atendendo a industrialização pelos grandes laticínios. Porém  as “regiões queijeiras de Minas Gerais ” resistiram às mudanças, mas outros locais abandonaram e os produtores passaram a fornecer o seu leite às industrias de produtos lácteos.

     No entanto, a nossa lei mineira, também estabeleceu a comercialização do queijo fresco acondicionado em embalagem plástica sob refrigeração e somente, em estado natural o queijo “curado”.   Embora seja um avanço, acreditamos na dificuldade de se mudar “da noite para o dia” um costume alimentar. Os técnicos sanitários buscam, como no passado, o seu consumo “meia cura e curado” (amarelos), porém, a modernização das rodovias ampliou o hábito alimentar, hoje é consumido preferencialmente o queijo fresco (branco), sem abandonar o antigo costume.

      Desse modo, pacientemente, devemos conscientizar as autoridades, pela manutenção do consumo “in natura”, do queijo fresco (branco), pois os institutos nacionais e internacionais já constataram que produtos elaborados com leite cru não suportam embalagens plásticas, em razão de o leite possuir microorganismos vivos formadores da qualidade e sabor dos queijos artesanais em todo mundo.



     Os governantes, na França, Itália e Suíça, mantiveram a fabricação com leite cru, os famosos queijos de consumo mundial, embora houvessem descoberto a pasteurização em 1864. Em 2008, os produtores mineiros do Serro e da Serra do Salitre conseguiram apoio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, registrando o nosso processo de fabricação como “patrimônio imaterial nacional”.
         
     Por determinação do PROCON, em 11/02/2011, passamos a fornecer, com exclusividade, os queijos inspecionados. Contudo, a pedido dos produtores, expomos os queijos frescos in natura. Por segurança colocamos também produtos idênticos embalados/rotulados e com todas as informações obrigatórias. Assim acreditávamos na liberação da venda à temperatura ambiente, como em alguns municípios mineiros, pois estudos científicos ainda são inconclusivos quanto às conseqüências para a vida e saúde da população.

     Voltemos às notícias divulgadas: Em 22/02/2011, o PROCON Estadual e a Vigilância Sanitária apreenderam no Mercado Municipal e jogaram no aterro sanitário 780 quilos de queijos minas artesanais devido a embalagens inadequadas.” - “Os produtos foram contaminados por falta de embalagem e refrigeração.” - “É difícil afirmar se o queijo é próprio para consumo se o produto estiver fora da embalagem”.




    Apesar de nossas perdas, temos preocupações acerca desta determinação do PROCON, caso expanda a todos os municípios mineiros: - Como 170 produtores certificados e alguns entrepostos, conseguirão suprir a demanda estadual e nacional, se os considerados “clandestinos”, são aproximadamente 27.000 produtores no estado; - Será que esse cenário não propiciaria um aumento no número de atividades clandestinas e falsificações de rótulos, acarretando em prejuízo para os consumidores; - e, é previsível o expressivo aumento dos preços desses produtos e conseqüente queda de produção e distribuição, resultando em desempregos no campo e nas cidades de milhares de pessoas; Logo não são condizentes para a política e a situação socioeconômico de nosso país.

   Portanto, pedimos encarecidamente aos consumidores, associações, sindicatos, instituições públicas e privadas que levem às autoridades públicas e ao promotor do PROCON, responsável pela proteção e defesa do consumidor e do Patrimônio Histórico, através de manifestos, opiniões e votos, para que autorize as duas formas de distribuição em Uberaba do QUEIJO ARTESANAL: refrigerado e em estado natural, por afetar o turismo em nossa cidade e os fatores socioeconômicos citados. 

Uberaba (MG), Março de 2011.